quarta-feira, 3 de maio de 2017

Tudo estava caminhando. A vida seguiu com novos crushs. Tem até um que hoje me chamou de “açúcar mascavo – docinho, mas que não se derrete fácil” – crushs, né? Fazer o que? Obvio que não sou doce. (vocês dão licença eu querer continuar a me enganar? Brigada!) – Nada, sou um doce sim. (e sou geminiana também, então mudo de ideia sim.) Doce, doce. Um pote de nutela. A fantasia do carnaval fez todo sentido, mores. Sou um potinho de nutella e o pior: geralmente o sou com quem não merece um pingo desse sabor todo, sejam homens ou mulheres.


Mas vamos ao assunto do texto: O meu ex (e o ex novo – o namorado pós separação) mandou mensagens dizendo que queria conversar comigo e me chamando pra almoçar. Ele adiantou que o “você não precisa lidar com isso” estava martelando na cabeça dele. Se eu souber o contexto dessa frase que eu morra. Não morri. Deus é quem sabe que frase é essa, que contexto foi esse. Tentei lembrar. Ainda pensei de uma vez que eu estava chorando com uma frase que o ex disse e que ainda ressoava na minha cabeça. Mas se era? Não sei. Aí eu disse que não lembrava do contexto dessa frase e ele se utilizou disso pra aguçar a curiosidade e disse que seria uma ótima oportunidade pra gente conversar. Quis ir. Deus sabe como eu quis. Quis dizer que me encontraria em 15 minutos com ele. Quis saber o que ele tinha a dizer, quis ouvir da boca dele que ele estava arrependido e que queria voltar. Quis que ele voltasse, que botasse no face, que dissesse aquilo tudo que eu tanto quis ouvir. Mas antes de dizer, eu disse que tava ocupada, que daqui a pouco respondia. Aí pensei e repensei. Lembrei de tudo. Lembrei que eu era “cheia de defeitos” e que isso “tinha minado nosso relacionamento” – assim de graça. Lembrei que ele não conseguia (também, pra variar) dizer que gostava de mim. Lembrei que ele me deixava insegura. Lembrei de tudo isso e mais um pouco e me perguntei se eu queria aquela rotina de novo, pra mim. Se eu queria ver as mensagens de novo e me alegrar por qualquer coisa. Ver se eu queria ter que olhar o face dele e ver se ele aceitou marcação nas fotos. Torcer pra que ele postasse algo sobre nós. E não, não queria essa rotina. Não quero insegurança.



 E eu quero algo dele? Quero. O que eu quero dele? Eu sei responder. Quero o sexo dele. Quero o carinho dele. E como eu quis quando eu estava fazendo um projeto que tinha relação com a área dele. Quis, o dedo tremeu pra mandar mensagens, mas não mandei nada, justamente porque sabia que eu não queria nada mais além daquilo. Aí hoje, hoooje, que eu to bem feliz com um resultado (o dito projeto, sabe? Deu certo!) e também meio aperreada pra resolver algumas coisas relacionadas a isso, o bendito reaparece e me diz que quer conversar. Avaliei e reavaliei. Não cedi. Mandei mensagem dizendo que não queria conversar. Mas parte de mim está remoendo toda a conversa e todo o relacionamento agora enquanto escrevo o texto. E foi por isso que vim escreve-lo.
Já passaram mil coisas pela minha cabeça. Uma delas foi sobre algo que vi na internet: “a eterna generosidade feminina com os homens”. E outra foi que muita gente erra e é atacado mesmo reconhecendo o erro. Voltando ao início do texto: a minha eterna generosidade com os homens – e que não deveriam valer essa generosidade – me fez querer pensar se eu não estava perdendo a oportunidade dele se redimir comigo. Mas pera. Quem tem que dar oportunidade pra alguém se redimir? Deus, ne? Eu não. Quem perdoa é Deus. Ele não vai mudar. Eles não mudam. Eles nunca mudam. E eu vou repetir esse mantra até voltar a esquecer. Vamos lá conversar com meus monstros.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

E não é que aos poucos a gente volta a sorrir de novo? A frequência do choro diminui, a gente foca em outras atividades e dá certo. E não é mesmo o que deve ser feito? A resistência a extinção inclui a variabilidade do comportamento para conseguir outros meios de reforçamento. E foi assim por um tempo. Aos poucos sorrindo. Ainda com a blusa dele do lado como “auxiliar”, talvez pra ter alguma sensação de segurança, apego e conforto, (já nos disse Bowlby, né?) mas ensaiei paqueras e novos contatos de aplicativos. Mas, pelo que percebi não deu muito certo e alguns contatos só me fazem lembrar do que se foi e do que na verdade, precisa ir embora de vez ainda. Planos de ir morar/estudar um tempo fora a todo vapor. Penso na Austrália. Passar um mês, se virando no inglês e vendo possibilidades de voltar pra fazer outros cursos. Pensando sobre a minha rotina de exercícios e a dieta. Posso simplesmente fazer uma omelete e jantar a noite algo com poucas calorias, enquanto vejo séries. Um tempo pra mim. Quem sabe passar a tardinha na praia pra dar um mergulho e esticar a noite. Comer em algum lugar por lá sozinha. Quem sabe um bar com música boa sozinha também.
E aos poucos eu percebo o quanto eu ainda estava/estou em uma idealização dele. Parece mesmo que eu, Elayne, feminista, que vivia se divertindo com os boys e fugindo de compromisso porque achava que eles me aprisionavam e não achava que esses boys poderiam realmente ser uma boa companhia pra mim e construir momentos legais (e não necessariamente por mim, mas também por eles, porque de fato não foram criados e não estão acostumados a uma mulher como eu... ) idealizou um cara “legal”, simplesmente porque ele não foi sacana comigo. Mas calma. Não tão legal assim. E eis que pouco depois do fim do relacionamento, ele vem continuar a conversa como se nada estivesse acontecendo e eu explico que prefiro não ter contato. Ai ele me pede pra falar tudo que penso dele, sem educação. Acho desnecessário, mas fui legal e disse basicamente características positivas. Ai depois percebo que o que ele queria era uma abertura pra jogar mágoas em mim: “você foi legal. Não serei tão legal. Tenho várias críticas ao seu respeito”? É? Disse pra guardar pra si. Criticar o outro sem que a convivência vá continuar é machucar de forma desnecessária. Ele tem várias críticas ao meu respeito? Criticasse enquanto queria algo, agora não mais. Mas ele foi piorando a situação: “me bloqueia, não quero ficar sem saber se estou perturbando ou não”. Quem não quer perturbar, não perturba, disse eu. Mas satisfiz a vontade dele e desfiz amizade/bloqueei.
E aí acabei por pegar essa raiva e aproveitar pra tirar a camisa dele do meu quarto. Foi bom pra isso. Com a ajuda de amigas observadoras como sempre (<3) me pego refletindo que meu comportamento com relação às paqueras estava muito ligado a coisas ou impossíveis ou que eu ainda fosse de alguma forma comparar. Não há o que comparar. Não há mais que se ter lembranças. E as lembranças só serão apagadas com o tempo. É tempo, na verdade, de ressignificar, inclusive a sexualidade e a forma de vive-la. Se ao me separar com caio eu sai com vários caras e isso me fez bem é porque naquele contexto minha sexualidade precisava se libertar. E foi liberta. Mas hoje eu terminei um relacionamento diferente, em que o sexo era maravilhoso e nunca parou de acontecer. Resultado? Tenho lembranças maravilhosas dele na cama e que ainda me fazem suspirar. Faz o que? Se entregar, conversar com outros agora só me fazem lembrar dele. Então, vamos passar um tempo só comigo, sem relações de paquera/sexo tão fortes. A minha cia também pode ser maravilhosa.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

E.... 2 anos depois, outra separação. Com outro, o que pelo menos significa que a vida andou, não é? A impressão que eu tenho é que ele seguiu a risca o que eu pedi. “Não me engane”. E ele não enganou. Ficou na dúvida, quis ter vida de solteiro e falou isso. Tá em dúvida. Meu deus, como a dúvida dói. E dói mais ainda quando ele diz: “não é que eu não goste de você, não ame você, mas to querendo outra coisa, to querendo viver, to querendo ficar solteiro. Essas palavras arderam. Em outras épocas eu teria brigado. Teria chamado de idiota. Teria rastejado e mostrado que eu seria uma excelente escolha. Mas e não sou mesmo? Sou uma mulher massa, forte, determinada, independente e que por isso mesmo, aprendeu a tentar deixar o outro ser independente também. To aprendendo, na verdade. E sim, a vontade é essa. Mas na mesma hora da vontade vem a sua experiência de olhar e dizer: é a vontade dele. E não adianta, não há palavras que possam convencer alguém a mudar de decisão. Talvez haja palavras pra convencer alguém a permanecer por pena, mas não é isso que quero/mereço. Queria alguém comigo. Pra dizer e afirmar que estava comigo.
Eu o deixei ir. É bem verdade. Eu literalmente o deixei ir na sexta. E confiei. Me mordi de ciúmes. E não é que meus ciúmes tinham razão de estar ali? Era medo de perder. E perdi. Mas perder o que? Se o outro não é meu, nem nunca será? Nós alimentamos a ilusão de que nossos companheiros são nossos. Mas não são. São deles mesmos. E a eles cabem as decisões da vida. A ele coube a de querer ficar solteiro. E a mim, coube a difícil tarefa de aceitar, por saber que não adianta chorar se o outro tem a decisão dele. Ontem e hoje eu estou fazendo por mim o que Caio não soube. Aceitar. E ontem e hoje eu estou fazendo o que não fiz de imediato na relação com Caio: aceitar. Ele não havia tomado uma decisão e eu reclamei disso. Mas a verdade é que se ele tivesse tomado, eu teria criticado. E … fim. São relações diferentes. Não há mais o que comparar.
Fato é que pela minha experiência de vida eu vi que o melhor a fazer era respeitar. E respeitei. Estou respeitando. Se choro? Se sofro? O que é abraçar uma camisa esquecida e colocá-la na cama, do lado onde ela dormia? É sofrimento pesado. Mas, como disse ontem meu personal quando reclamei do peso: “Tá pesado”. “Eu sei. É pra ser pesado”. Então é isso: é pra ser pesado mesmo. Como não ser pesado você ter dividido uma casa, um amor, viagens, cama, sexo, banheiro e escovas de dente e o outro quer ir embora? É pesado. Mas, vá. Aprendi muito com ele. Me doei de novo. Amei de novo. E quer saber? Foi bom pra caralho. Foi maravilhoso desde a primeira noite. Foi maravilhoso ser acordada às 3 da manha pra trepar. Foi maravilhoso vir de manhã morrendo de sono. Foi maravilhoso trocar mensagens de carinho na expectativa de ele voltar. Foi maravilhoso ele ir pra minha casa antes de ir pra mãe dele logo que chegou. Foi maravilhoso receber uma foto dele de cuecas na minha casa. Foi maravilhoso viver pequenas aventuras. Apresentar pros pais e pros amigos... brigar com ele porque ele tava cagando de porta aberta. Foi maravilhoso peidar na frente dele e rir junto dos peidos dele. Foi maravilhoso tudo isso. Foi intenso? Foi. Foi perigoso? Foi. Dormir junto com o boy desde a primeira noite que se viu não é algo que uma mulher solteira em uma cidade brasileira deve fazer. Mas... fiz. E pior: gostei de ter feito. Se vou ser mais segura de uma próxima vez? Não sei. No fim, não há seguranças e não há garantias. E o que fica pra mim? A camisa, a saudade, as lágrimas e a alegria de ter vivido um amor curto, rápido e intenso. A certeza? De que um dia a dor acalma. E a impressão de que a “ressaca” e as juras do “não vou fazer de novo” dessa vez serão bem menores. Talvez porque eu tenha sido feliz. Foi uma noite alegre de bebedeira. Uma festa em que todos se divertiram e ninguém fez merda pra que eu não queira mas ir a outra festa.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

“ Um menino me ensinou quase tudo que eu sei. Era quase escravidão e eu nem era tratada como rainha. Eu fazia muitos planos e eu e ele so queríamos estar ali (...) eu não tinha aonde ir. Talvez egoísta como ele é, tenha esquecido de ajudar a mim como eu o ajudei. Ele também estava perdido e por isso se agarrou/se agarra a mim e a esperança de me ter de volta também. E dizia ainda é cedo...”








Hoje uma entidade me assustou e me fez pensar em tudo de novo, mas em tudo de uma forma boa, ou ao menos, saudável. No centro espírita, na consulta mediúnica, uma entidade falou em tom de ameaça: “você não vai ficar nem com um, nem com dois nem com ninguém, duvido você parar com alguém”. E falou que meu ex não me perdoava porque eu o tinha deixado. E que havia uma moça com ele, que também não me perdoava por isso. Me assustei e chorei. Disse que estava me apegando a alguém, mas que não sabia como proceder, que tinha medo. Ela falou que eu tinha que perdoar e rezar pelo ex e pela menina e que só então eu conseguiria seguir adiante de forma definitiva. Ela disse que o tempo ia me mostrar que a pessoa com quem eu estava era uma pessoa boa, que tinha valores. Voltei pra casa em mil pensamentos e ao começar a contar pra uma amiga me dei conta do verdadeiro mal que tinha feito a Larissa. Não foi só ir falar com ela no INSS e xingá-la, mas pressionar por uma demissão. E no fim, saber que só após a demissão caio havia se separado dela, porque ela ficou com raiva. O maior escroto dessa história toda foi ele, com certeza, que continuou com seu emprego, sendo chefe, a menina foi demitida e eu sai arrasada e machucada de tudo. Ele errou? Sim, errou. Quebrou uma confiança e me mostrou que eu não devia permanecer naquela relação e aceitar tudo aquilo, que uma família naquelas bases não daria certo. Não deu. Hoje tenho certeza disso. E acho até que era preciso que tudo isso acontecesse para que nós dois amadurecêssemos, quem sabe. Bom, mas até agora, estou aqui vomitando mágoas de novo. 

Caio errou? Errou. Errou feio, machucando alguém que não merecia. Mas no final das contas, quem não erra? Erramos e enganamos a todo momento pessoas que não merecem porque estamos preocupados com a nossa felicidade e com o nosso bem estar, somente com ele. Somos egoístas. Ele foi só escroto? Não, foi um bom companheiro durante anos. Foi quem me apresentou ao sexo. Foi quem me possibilitou algumas noites de farra. Foi quem construiu alguma confiança com minha mãe. Foi quem me apresentou jeri. Foi quem me apresentou Canoa quebrada, Foi com quem descobri pirenopolis, foi com quem descobri o amor, e tantos outros sentimentos e lugares.




 Caio, é uma pena que nosso egoísmo (nosso, eu também errei nessa relação, apesar de ter feito tudo o que estava ao meu alcance para consertá-la) tenha culminado no fim de uma relação que eu tinha como leve e bonita. É verdade que você me maltratou e me fez me detestar por algum tempo. É verdade que você me torturava e me deixava insegura. Mas acredito sinceramente que você o fez de modo inconsciente, provavelmente por não conseguir lidar com a mulher que estava me tornando. Você não soube pedir ajuda. E eu não soube parar na hora certa. E a relação foi se extinguindo, a admiração também. Até que culminou em tudo que aconteceu. E hoje te peço perdão pelo mal que te desejei tanto tempo. Não, Caio, você não merece sofrer. Você, por tudo que você me fez antes de me maltratar, você merece ser feliz. Você merece se encontrar. Você não consegue se perdoar pelo que fez, mas se perdoe. Eramos imaturos. Aconteceu. Você perdeu uma mulher maravilhosa, é verdade, mas será que não é perdendo algumas coisas que se tenta lutar por outras? Sim, sinceramente, lhe desejo o perdão. Que nós nos perdoemos. E que tudo fique em paz. Você merece ser feliz. E eu torço por isso. Secretamente, por ora. Não quero ouvir conselhos bobos ou afirmações de que sou besta ou boba. Talvez eu seja. Mas quer saber? Gosto de ser assim.



Larissa, hoje, talvez só hoje tenha me dado conta do que fiz a você. Me perdoe. Hoje sei que não há nada que eu possa fazer pra reparar meu erro. Hoje percebo: sou discurso. Tenho discurso, mas na primeira oportunidade e no primeiro teste de fogo da vida, falhei e muito com você, moça de 16 anos que cresceu e foi ensinada a seduzir um homem. Moça, me perdoe. Vinha de outra realidade, a realidade da mulher branca, cis e HT, riquinha e privilegiada, que foi afogar as magoas no Chile e nos EUA. E la dessa realidade, cruelmente, me senti no direito de lhe humilhar lhe chamando de rapariga, simplesmente porque você e meu marido na época estavam apaixonados e você decidiu fazer o que as novelas ensinam: arriscar tudo por amor. Mas, a moça cis, branca e HT, que se diz feminista, ainda foi capaz de algo mais cruel: pedir sua demissão. Eh verdade que hesitei, mas é verdade também que fiquei feliz que você tenha saído. Quis que você “pagasse”, quis que você “aprendesse” e esqueci por completo da sociedade em que estamos. Você foi mal falada no seu trabalho. Você saiu do trabalho com cochichos. Você saiu difamada. Eu mesma ouvi de uma guarda: “ela é conhecida”. Poxa, moça, isso deve ter doído. Por mais que você tenha errado, não era assim que as coisas deviam acontecer. O mais errado foi ele. Ele deveria pagar pelo que fez. E como foi que pagou? Continuou sendo chefe. Por mais que tenha recebido críticas, provavelmente nenhuma delas foi tão pesada como a sua, mas, veja que ironia: ele tinha um compromisso e um dever ético. Você tinha 16 anos. E eu contribui com isso. Hoje, talvez so hoje eu tenha percebido. Moça, do fundo do meu coração, me perdoe. E não por ter lhe chamado de rapariga. Isso foi o mínimo. Mas por ter tirado de uma moça pobre o direito de concluir um estágio que lhe era um sustento de vida enquanto você concluía o ensino médio, enquanto muitas nem concluem. Espero que o Caio consiga refazer parte do que eu fiz. E não, você não precisa me pedir perdão pelo que fez. Passou, de verdade. Siga. Siga em paz, seja feliz e que Deus lhe abençoe. E me perdoe por depois ainda ter ficado de alguma forma em seu caminho. Se não for o caio, que você encontre outro homem, ou um emprego e faça uma boa viagem com amigas. Siga, siga em frente, perdoemo-nos.




                       

Sobre confiar de novo. É, é difícil confiar depois dessas histórias todas na vida de alguém. O alerta ta ligado, mas ao mesmo tempo que ta ligado, também ta ligado o jogar expectativas de felicidade e relacionamento em outra pessoa. Esses dias, ao mesmo tempo que me aproximo de Bruno, percebo o quanto estou insegura com tudo isso. E o quanto venho jogando coisas pra ele lidar. Ele não precisa lidar com nada disso. Eu preciso. E, se foi Deus quem me colocou na vida dele, foi Deus quem o colocou e quem está me vendo perceber mais uma vez, mais do que nunca. O problema do meu relacionamento não foi só caio. EU joguei expectativas em Caio e ele não soube lidar com isso. E não posso fazer isso com você simplesmente por estar carente e só em uma cidade. Há tanta coisa a se fazer só. Estar com você é só mais uma delas. Você tem uma vida, arianinho. Siga. Podemos seguir juntos por um tempo, quem sabe, mas claramente seus caminhos são outros. Serão ser juiz federal em algum outro estado longe de mim. E eu, eu espero ser a psicóloga do tribunal com quem você dividiu bons momentos.


 Porque você e meu momento é isso: reconstrução. O coração não é o mesmo. Nunca mais será. Uma vez partido, não cola. Não como era, mas mais bonito: como um mosaico. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

De volta! Passei um tempo sem escrever, em parte porque estava sem computador, e acabei ficando com preguiça de passar os textos do celular pro blog! Mas, agora com um computador, quero voltar a escrever! Bom, o texto de hoje é sobre os ultimos dias.. as ultimas confusões! La vai:

Dias felizes, dias tristes... Vamos pra alguns significativos.

Com o fim do são joão, de tantas farras, ficou Carlos de romancinho. Mas esse romance já tinha começado a me incomodar. Por horas queria ve-lo. Por outras, queria minha solteirice de volta. Não conseguia me apegar completamente. Era estranho. E lembrei que com meu primeiro namorado foi exatamente assim. Eu não conseguia ficar com ele o tempo todo e todo mundo achava estranho. Era um exercício de apego. E com o tempo, com muito tempo depois, consegui. Será que vou passar por esse exercício de novo? Bom, na época, dei tempo ao tempo, mesmo sem querer. Que seja então. Até que chega o dia 08. Passei o dia tentando sorrir, mas ainda lembrando. Há 04 anos eu entrava na igreja, sorrindo, feliz, com musicas escolhidas por mim. Há 04 anos eu entrava com sapatos vermelhos pra dizer a Deus, a minha família e a sociedade que eu amava o Caio e que iria amá-lo por toda a vida e a partir disso, construiria uma família. É, a família não deu certo. Por n motivos, mas não deu. Acabou. Ficou a dor, agora mais calma, mas que ainda existe. E nesse dia doeu um pouco. E foi assim:


No dia 07 a noite eu lembrei que dia era aquele. Cheguei em casa, passei horas conversando com Samara e finalmente subi. Acho que estava evitando chegar em casa, mas cheguei. Olhei pra cama, ensaiei um choro e parei. Coloquei uma musica animada, dancei e lembrei de tanto eu tinha vivido até ali e o quanto ainda precisava viver. A história precisa (va) ficar da “porta pra fora”. Olhei minhas roupas bagunçadas ainda da ultima noite de festa e pensei: O guarda roupa é só meu. O ap é só meu. Mãos a obra! E passei a arrumar a parte od guarda roupa que ainda estava vazia, a espera de mim. Carlos chateado, achando que ia me ver e ficar de casalzinho, com saudades porque tinha ido a Recife. Expliquei que não tava no clima.  E que no outro dia provavelmente não estaria. Era um momento meu e eu precisava vive-lo. Rezei e cansada dormi. Acordei, fui trabalhar, malhar e pro salão. Passei um dia entre away e triste, tentando lutar contra as lembranças. Quando saí do salão, lembrei com mais força e chorei. Chorei e gritei no carro sozinha dirigindo. Um garoto que limpava vidros de carro me olhou no sinal e eu tive vergonha de chorar, sendo que provavelmente não tinha sentido metade da dor que ele tinha sentido. Mas continuei chorando, cheguei, troquei de roupa e fui pro Centro Espirita com Samara. No carro ainda ensaiei um choro. E Samara me acalmou dizendo tudo que eu já tinha feito e tudo o que ela tambem tinha passado. Perguntou se eu não queria voltar pra Caio. Respondi que não. As lágrimas já não eram por ele e nem talvez pelo casamento em si. Era por mim, que tanto tinha feito e tinha ficado ali, sozinha, tentando ressignificar minha vida. Fomos pro centro. Na palestra, o palestrante explicou que tudo que passávamos era, de carta forma, uma escolha nossa antes de vir a esse mundo. Brinquei, pensando que eu devia estar fora de si quando escolhi... Na hora da oração, senti coisas parecidas com o que há algum tempo sentia.. “levanta-te”. Fui ao atendimento fraterno. A moça sorriu e disse> “levanta-te e anda”. Falou um pouco sobre a dor que ainda estava ali e me recomendou participar mais do centro. Me senti melhor. Na saída vi Carlos. Falei rapidamente com ele e fui pra casa. Já em casa, expliquei tudo o que tava sentindo e que era melhor me manter afastada. Ele ficou chateado. Mas fiquei melhor com a situação. Só que continuou insistindo e eu fui fraquejando. As vezes sentia falta e mandava mensagens. Ele me deixou na rodoviária e fui dar aula em Serra talhada. Saí com ele e Samara após a reunião do Centro da ultima quarta. Mas em Serra, fiquei com outro rapaz. Na segunda, com outro em campina, simplesmente porque não quis resistir ao tesão do momento. E nessa semana, fez um ano que a minha vida virou de cabeça pra baixo. Dia 20 de Julho. O dia que achei a carta. A semana com uma cabeça revirada, confusa. A semana que vim ao fortal chorando, e apesar de ter amado tudo, voltei pra Campina desejando nunca mais vir a um Fortal e viver a loucura que vivi. E, após um ano, aqui estou, com abada comprado, desejando mais loucuras em minha vida... Ah, a experiência. Ah, o se deixar levar. Ah, o se permitir. “mude e esteja pronto a mudar novamente”. Mudei. A vida me fez mudar e eu acompanhei. Nesse sentido, é bom olhar pra trás e ver a vida que eu soube re construir nesse ano.



A Sheila me relembra disso o tempo todo. Se por um lado, Carlos me questionou para quando eu ia “continuar na tristeza” ou “continuar no luto”, minha amiga, que me conhece bem melhor, olha pra mim e diz: amiga, você foi incrível. Você não parou na vida. De fato. Lembro bem do dia que escrevi um outro texto e enviei pro Caio...

Trecho: “Estou na casa se uma amiga em Fortaleza. Ela é independente, solteira, bonita. Já sofreu muito por e com ex-amores e hoje, como ela mesma diz, varia o cardápio enquanto não encontra um que valha a pena. É exigente e suas qualidades lhe permitem isso. Esse ambiente tem me feito pensar na possibilidade de que estou tendo uma ocasião que me permita fazer o mesmo. Ser assim: bonita, jovem, independente e solteira novamente. E bem provavelmente, exigente.”
Lembro que pedi pro Caio comentar e ele simplesmente disse que “eu não tinha o perfil da Sheila”, com um certo ar de crítica. Só que, mal sabe ele que somos construídos pelas contingências. Eu nunca tive esse perfil porque sempre namorei. Nunca havia estado solteira e independente. E aí me permiti descobrir como seria. E sinceramente, apesar de ter doído, gostei de mim solteira. Gosto do que aprendi a ser e de como penso. Se sou galinha? Não, apenas gosto de viver sensações diferentes. E o faço sem machucar ninguém, sem enganar ninguém. Um dia, talvez, ache alguém pra viver juntos. Mas se não achar, já sinto que vou conseguir continuar construindo minha vida por aqui...



“É bom olhar pra trás
E admirar a vida que soubemos fazer
É bom olhar pra frente
É bom, nunca é igual
Olhar, beijar e ouvir cantar um novo dia nascendo
É bom e é tão diferente”

“Eu não vou chorar
Você não vai chorar
Ninguém precisa chorar
Mas eu só posso te dizer
Por enquanto
Que nessa linda história os diabos são anjos”


Sim... nessa história, os diabos são anjos. Caio e Larissa não me fizeram mal. Me fizeram bem. Já pensou se eu continuasse a mesma? Que chato, seria! Definitivamente, só tenho a agradecer pela oportunidade que me foi dada! Nesse exato momento, tenho orgulho de mim! A vida me deu um limão. Aí eu juntei cachaça e açúcar e fiz uma caipirinha. =] 


terça-feira, 21 de abril de 2015

Revisitando a dor do divórcio

A dor que descrevi no último texto foi a dor antes da assinatura. E já tava no seu processo de dor que ia passando aos poucos. Voltava algumas vezes, principalmente quando falava com minha mãe, que teimava em falar nisso e em casamento e etc.. Mas até que as coisas estavam tendendo a ficar bem.
Até que sou pegue de surpresa por um texto do ex que me machucou forte. Machucou fundo. E eu não sabia que machucaria tanto algo que eu até queria que acontecesse... Explico: no domingo a noite, olho meu email por outro motivo, enquanto esperava minha vizinha.. E aí vejo um email dele. Abro e quando começo a ler, começo a chorar. As lagrimas fugiam ao meu controle e caiam desesperadamente. Doía. Minha cabeça começou a latejar. E aí re-experimentei as sensações de quando descobri o início de tudo: enxaqueca forte, ânsia de vomito. O que tinha no email: ele saiu relembrando todos os encontros e viagens que tivemos. Detalhes que eu, que sempre tive melhor memória pra fatos e informações do que ele, já não lembrava e não poderia imaginar que ele lembrava. Mas lembrava. E estavam ali no email me torturando...E torturaram mais no fim quando ele reconheceu que machucou a pessoa que menos merecia da forma que menos merecia. E que me amava, só tinha demorado demais pra perceber isso. Na tortura final, disse que não encontraria outro alguém que o valorizasse tanto e que nunca me esqueceria.



Tortura, por que? Porque por muito tempo foi o que desejei ouvir. Foi o que desejei ler. E com o tempo fui percebendo que não ouviria enquanto eu queria. E que provavelmente só ouviria tempos depois, quando ele tivesse tido a certeza do fim ou tivesse sofrido um baque como o que sofri. E não é que as duas coisas aconteceram? E aí, veio o choro, o arrependimento e o reconhecimento. Mas e por que doeu? Porque acompanhada do reconhecimento veio a minha lembrança de quanto eu desejei ter isso por tanto tempo, inclusive quando estávamos juntos. Eu vivi de migalhas de atenção por algum tempo. Vivi de migalhas de sentimentos. Vivi de migalhas de demonstrações. E agora, sim, agora, que irônico, vem tudo que eu quis, a galope. E junto com ela, vem a certeza que eu já estava tendo e por isso tinha decidido não voltar e não deixar as bobas reaproximações acontecerem. Ele sempre percebia que me amava no fim de tudo. Quando me afastava. Mas quando junto, de novo sofria as mesmas coisas e me fazia sofrer. E dessa vez, não olhou pra mim e pro que eu sentiria caso eu descobrisse. Simplesmente se iludiu que eu não descobriria.  Acho mesmo que não se importou. Estratégia de bloqueio dele. Não sei como, mas hoje vejo o quanto ele me bloqueia. O quanto não consegue me amar e estar junto de mim. Insegurança? Talvez. Não sei ao certo, mas talvez seja melhor não saber. A verdade é que após as torturas todas, veio em mim o sentimento: quantas vezes mais ele vai precisar me perder pra começar a me dar valor enquanto me tem? Não quero contar. Não quero mais viver numa relação insegura assim. E não pela traição, mas pelo sentimento. Como saber se sou importante? Por migalhas? Satisfazer-me com migalhas? Lembro, mesmo antes de saber de tudo, o quanto eu ficava me questionando se ele de fato me amava, e me perguntava se eu não estava sendo dura demais porque ele tinha largado a cidade e tinha ido comigo pra outra...




Relembrar tudo isso relembra a decisão tomada. Relembra e machuca de novo: não importa o quanto ele ainda mexa comigo, e mexe. Não importa o quanto ainda doa e dói. Não importa o quanto ainda vá sofrer por isso. Não importa se ainda o amo (e amo? E o que é o amor? Minha vez de filosofar...). Não quero mais essa relação pra mim. A relação me trazia dúvidas e inseguranças. Era boa, no geral, mas tende a repetir o ciclo da insegurança e da dor. Sendo assim, escolhendo o caminho que escolhi, sei que a dor que sinto agora vai ter um fim ou pelo menos vai amenizar. E caso continue a relação, sei que terei ganhos momentâneos, mas novas dessas dores e torturas no decorrer dela...
Autocontrole. Querido, sabia que você era difícil, mas também não precisa ser nível top hard. Vamos lá! Com fé eu vou que a fé não costuma falhar! ;)
E, uma parte de uma música besta e antiga, mas que vai me representar agora...


“Nunca acreditei na ilusão de ter você pra mim
Me atormenta a previsão do nosso destino
Eu passando o dia a te esperar você sem me notar
Quando tudo tiver fim, você vai estar com uma cara
Uma alguém sem carinho, será sempre um espinho
dentro do meu coração”



E, a sensação que tenho é essa. Ele será sempre um espinho. Uma história dolorosa. Game over de uma relacionamento que lutei tanto e investi tanto. Mas é preciso saber enxergar quando até as histórias que mais bonitas e que mais sonhamos tem um fim e dão lugar a novos recomeços.



Recomeço, querido, você já pode chegar, ta? 13Beijosnoombro!


sábado, 18 de abril de 2015

Sobre a dor de um divórcio



Esses dias venho vivendo e revivendo a crise da separação e do divorcio. Ate parece que tinha me separado de novo e naquele dia. Mas não, era simplesmente a crise de assinar a %¨$# de um papel dizendo à sociedade que não tinha mais jeito. A sensação é a de um fracasso. É uma dor mais anestesiada, mas semelhante a da separação. Mas ao mesmo tempo, diferente. Logo após a separação, senti o fracasso, mas sentia uma dor maior, que era a dor da perda. Agora a dor da perda já se acalmou. Eu já não penso no que eu perdi. Sempre tento pensar no que ganhei após a separação. Tava num processo doloroso casada. E não notava tanto, porque tava do lado de dentro. Hoje, ganhando o mundo, vejo o quanto era desvalorizada por alguém que estava num processo de sofrimento e imaturidade que eu não conseguiria entender. Ele me desvalorizava na intenção de se valorizar, porque não gosta(va?) de si mesmo...
E ta, aí você pode me perguntar: vem cá, se tu ta se sentindo tão bem separada, adorando a sensação de se sentir desejada e paquerada (já deixei claro, ne, nos outros textos?), dançando, brincando, vivendo cada minuto como se fosse o último, como você vem me falar em dor? Difícil, acreditar, ne? Então, eu mesma, se não estivesse sentindo, diria que a pessoa tava querendo fazer drama onde não existe. Mas não, não é isso. O drama, apesar de não ser grande, quando se pensa racionalmente, existe. E vou explicar:
O divórcio se trata de afirmar perante a lei e a todos o seu descasamento. Mas e você já não fez isso? Não exatamente. Quando me separei, passei pelo meu processo intimo e até fiz rituais de separação. Joguei a aliança no lugar mais lindo que já visitei. Chorei escondida a dor em cada lugar que pensava que aquela viagem era pra ter acontecido com ele. Chorei a dor de uma perda de uma pessoa especial. De um sonho. Mas de um sonho meu. Só meu. Hoje, quando lembro, a sensação que tenho é a da música da Marisa Monte:
Se ela me deixou, a dor
É minha só, não é de mais ninguém.
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor.
Se ela preferiu ficar sozinha,
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou a dor é minha,
A dor é de quem tem.”


Pronto. A sensação era essa. A dor que era minha. Não queria dó de ninguém. Não era digna de dó. Sabia bem que o sofrimento ia passar. Até a dor de perder meu pai tinha amenizado com o tempo. Porque a dor de perder um marido não ia passar? Iria. Me enchi de coragem, passei a mão nos olhos e enfrentei a dor. Chorava, mas enfrentava. Vim sozinha pra cidade e pra casa onde tudo tinha acontecido. Mais decidida impossível, coloquei o que restava dele pra fora da casa e fui viver só. Entre farras e descobertas de uma vida solteira. Entre a dor de encontrá-lo ou encontrar a moça com quem ele estava/tinha passado um tempo/ sei lá. E nessas dores, fui esquecendo e vendo o quanto a minha vida ainda era especial e o quanto eu ainda tinha pra viver. E o quanto eu vinha descobrindo com a separação e a vida de solteira. E aí veio, por uma lado uma pressão social e por outro, uma pressão interna: a do divórcio. Passei pelo processo de negação: pera, eu preciso de um papel pra me dizer solteira? Não, claro que não. (só que sim, principalmente porque temos um bem juntos. E o que eu fosse fazer com esse bem precisaria dele. De uma vida que já não me dizia respeito e portanto poderia mudar e se tornar o que quisesse, inclusive, alguém disposto a me tomar bens materiais – vai saber?)
E então, com a história de vender ou não esse bem (o apartamento), resolvi-me a não vender, por diversos motivos e tratar de ressignificar tudo. Afinal de contas, eu fiz até a disciplina de psicologia ambiental, não foi? Não estudei e sei o quanto se pode ressignificar um ambiente e o quanto esse ambiente pode influenciar os sentimentos humanos? Pois bem, iria ressignificar tudo. E passei à história do divórcio, de resolver tudo perante a lei. E bom, se por um lado sabia e sei de todo um processo que se chama divórcio emocional (coisa de psi) e que isso doía, não sabia como era essa dor. Experimentei. A dor é a de ter fracassado. E agora a dor já não é mais só minha. Ela é minha, mas também é social. Há atores sociais envolvidos nisso. Há o ex-conjuge, agora mais ex que nunca. Há o advogado. Há uma procuração. Há um juiz. Há um papel. Há uma satisfação à sociedade. Há o contrário do orgulho de um dia ter entrado na Igreja e ter dito a Deus, à minha família e à sociedade, que a partir dali eu iria construir minha própria família. A partir dali eu seria mulher de um marido e futura mãe dos nossos filhos. Era como se eu tivesse passado mais ainda ao patamar de adulta (a impressão que tenho é que pulei um degrau quando me formei, outro quando comecei a trabalhar e assim sucessivamente). E agora a dor é o contrário desse orgulho: é afirmar pra sociedade que eu fracassei em construir uma família (Ah, mas não foi você, ele lhe traiu, ele não foi maduro, ele, ele, ele, ele...). Ta, se vocês conseguem fugir da própria responsabilidade assim, massa, mas talvez por ser psicóloga, pra mim não é tão fácil assim. Sei que em parte a culpa responsabilidade também é minha. Eu ate tentei, mas não soube lidar com uma traição tão pesada. Eu até tentei, mas não consegui fazer com ele viesse pra mim de novo como antes. Eu até tentei, mas no fim, não consegui nem me salvar nem salvar o que eu tinha prometido a mim mesma e a todos: uma família. A minha família.


Que se lasque a sociedade? Fácil dizer. Difícil é assinar e escrever: sim, sou divorciada. Não consegui viver como queria e como prometi. E estou bem com isso. Vrááááá. (tapas girando na sociedade machista, hipócrita e religiosa). E no fim, o que tenho a dizer? É difícil? É. Existem processos mais difíceis? Existem. Eu, ao menos, não tenho litígio e nem filhos. Mas a dor ta aqui. Doendo. Gritou dentro de mim na porta do advogado. [Piadas a parte: Gritou mais alto quando ele disse o preço e eu pensei (caramba, é pra desistir, é?)] Gritou mais alto quando falei no telefone com o ex. Gritou mais baixo quando falei com o segundo advogado. E foi diminuindo ao pensar no processo e juntar os documentos. E diminuiu mais quando falei pela segunda vez com o ex. E aí eu vi que era só mais uma etapa da minha dor. A dor escancarada a sociedade. E dói de novo, por que? Porque a gente mexe. E abre de novo. Abre de uma forma diferente. Mas abre. E com o tempo, ela volta a acalmar. Vá, dor, vá se acalmando. Um dia, você vira sorriso.
“Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar”.